"As Quatro Estações"

No dia 4 de janeiro de 2011, faleceu no hospital da cidade de Ben Aros, na Tunísia, o estudante e vendedor de frutas Tarek al-Tayyib Muhammad ibn Bouazizi. Depois de postar um desabafo no facebook, ateou fogo no próprio corpo. A partir de então foi o estopim para uma revolução que culminou com a queda do presidente da Tunísia e se espalhou pelo norte da África e oriente médio no fim do inverno do hemisfério norte, poeticamente batizada de Primavera Árabe.
No dia 05 de agosto de 2011 foi deflagrada a greve geral, interior e capital no Ceará, pelos professores da rede pública do estado do Ceará, que completa um Mês nesta segunda feira 05 de setembro, semana da pátria, comemoração da independência do Brasil.
A primavera de 2011 começa no dia 23 de setembro às 06 horas e 15 minutos, numa sexta feira e termina, após 89 dias, 20 horas e 25 min. Representa na nossa astronomia o equinócio, período que o dia e a noite tem a mesma duração. Simbolicamente a estação das flores, do colorido, mas ao estudarmos as estações do ano, cada lugar do planeta apresenta características diferentes na paisagem. No ceará, temos duas estações conhecidas, estação seca e estação chuvosa. Porém, ao analisarmos os últimos acontecimentos no nosso estado, ações cada vez mais parecidas com a ditadura dos governos em queda dos países árabes e das antigas ditaduras no nosso país, com criação de zonas de segurança para o governador, desrespeito ao direito de greve, agressões a professores em mobilização, ofensas a categoria, descumprimentos da lei do piso salarial, julgado e aprovado pelo STF – Superior Tribunal Federal. Vemos que o povo cearense necessita com urgência libertar-se desse inverno rigoroso que nos imobiliza, que nos congela a mente e o coração, nos impedido de agir contra a violência do Estado contra o cidadão.
Precisamos nesse momento de crise e revolução que ocorre no mundo, Desemprego nos EUA, na Europa, mobilização de estudantes no Chile e derrubada de ditaduras na África e Oriente Médio, acabar com a corrupção e a falta de ética, presentes dos governantes atuais. Vamos construir um grande movimento de repudio aos políticos vendidos que não defendem os interesses do povo.
Vamos construir nossa própria primavera, vamos mandar o recado com grande movimento nas redes sociais, nas igrejas, nas escolas, em todos os grupos, comunidades. Vamos exigir mais investimento para educação, elevação de 7% para 10% do PIB, mínimo de 50% dos recursos do pré-sal destinado as universidades públicas com ampliação de cursos de graduação e pós-graduação. Fim de cargos de comissão, valorização dos planos de cargo e carreira no serviço público, sendo o gestor alguém que melhor se destaca em concursos e não quem for indicado por políticos. Vamos pensar o Brasil que queremos, criando grupos de estudo para pensar o país.
Dia 23 de setembro, sexta-feira, vamos realizar um ato simbólico em todas as cidades do ceará, do Brasil, e do mundo, que represente o fim do “inverno“ da opressão, levantando a bandeira de uma revolução pela educação, que os próximos verões sejam intensos de calor humano e que possamos no outono colher os frutos de nossas ações.